A dona do pedaço. INTJ. Viajadeira. Uspturista Mais velha do que aparento.
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Quero deixar registrado aqui algumas das experiências mais incríveis que eu já vivi.
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Recepção (24 a 27 de agosto de 2015)
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Depois da animação de finalmente termos chegado no camp hill, começou a labuta. Obviamente não diretamente com os alunos, mas passamos por uma semana de treinamentos diários, com todo o tipo de informação possível e necessária que precisássemos. Foi uma semana um pouco tensa, porque como já disse, eles levam a privacidade dos alunos muito a sério e eu achei que logo eu não ia poder usar nem mais um e-mail! Logo no dia seguinte já tivemos o começo do treinamento, não só com voluntários, mas com outros empregados (professores, seguranças, gente do administrativo, etc). A primeira apresentação foi meio assustadora, sobre confidencialidade. É por isso que vou evitar comentar das pessoas e usar codinomes. Eu entendo que é importante salva guardar as informações de pessoas que não podem se proteger sozinhas.
Os outros treinamentos, no mesmo dia e nos seguintes, foram menos assustadores. Quer dizer, falaram bastante sobre as dificuldades dos alunos não só em aprender, mas em se comunicar também. Claro que falaram mais de casos mais extremos, mas dá um medinho de não saber lidar na hora. Aos poucos, vamos aprender até algumas coisas de linguagem de sinais. No fim, teremos muito a aprender nesse ano.
Os treinamentos foram em geral de manhã até o fim da tarde, com coffee break e almoço. Tô me acabando no chá aqui, se deixar posso viver só disso!
O almoço, e as refeições em geral, devem ser feitas onde nós trabalhamos. No caso dos voluntários como eu, temos que usar a dispensa da casa onde trabalhamos, mas podemos cozinhar onde moramos, claro.
Eu tenho o mesmo problema aqui que eu sempre tive na América do Norte: as panelas e as louças são muito grandes! Aqui a razão é que se cozinha para muitas pessoas, de uma vez só, claro. As porções de comida até que são razoáveis e tem muito pacote que é tamanho família, mas dentro o produto é embalado em porções menores.
O tempo aqui não é conhecido por ser particularmente simpático, tivemos bastante chuva desde que chegamos, ao ponto dos sapatos ficarem muito molhados só de andar pelo campus, mas tem melhorado. Na segunda, depois do treinamento, o Junior nos levou até Ringwood para nos ensinar o caminho e ficamos ensopados.
Uma coisa que acho que é mais chocante para nós que viemos de cidades grandes é que as coisas fecham as 17h (exceto supermercado). E a cidade realmente é pequena. Mas tem o lado bom de que podemos andar tranquilamente, mesmo pela rodovia, sem medo de road rage alheio e muito menos de bandidos.
Quinta foi nosso último dia de treinamento essa semana. Teremos mais um dia na outra semana. Isso que dizer que quinta foi o dia para o pessoal que chegou mais tarde vir conhecer as outras casas.
Aqui tem muito alemão novinho porque eles tem o gap year, entre a escola e a faculdade, e eles ganham pontos se fizerem voluntariado. Como todo grupo de adolescentes, eles poder ser bem barulhentos e teimosos. Tem uma deputy que vive dando bronca neles para que parem de falar alemão, mesmo só entre eles. Me lembrou a gente na Bishop’s, quase 10 anos atrás, onde os franceses só falavam na língua deles todo o tempo.
Já recebemos nosso horários, e para quem trabalha com os mais velhos dos colleges, temos os mesmos dias de folga, yay! Alguns dias são bem longos, tipo 13h de trabalho, mas também tem dia que só vou para reunião interna e isso conta como hora trabalhada. E minha casa não tem sleep in! Não temos que nos revezar para dormir e tomar conta da casa, yay!
No geral, eu acho que dei muita sorte. Meu quarto não é o maior, mas é bem legal. Meus vizinhos de quarto são bem legais, dei sorte de morar do lado do Henrique, as outras pessoas são bem boazinhas, a casa onde trabalho parece ser bem legal, é uma das mais novas, a dispensa é incrível e minha coordenadora parece ser muito legal, bem flexível e o Junior também trabalha lá, o que também facilita minha vida, ele tem sido bem prestativo. Aliás, quando peguei meus horários, falei que funcionava melhor de tarde e a E. mudou o único horário que eu tinha muito cedo na hora!
Labels: gap year, the sheiling, treinamento, voluntariado
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A chegada - parte 2 (23 de agosto de 2015)
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Como eu disse, a gente tinha que arranjar um jeito de chegar até Ringwood sozinhos. Quer dizer, claro que o camp hill mandava as instruções de como chegar dos principais aeroportos até a cidade, mas ninguém conta onde achar o melhor preço de passagem de ônibus. Por sorte, tínhamos o Júnior, o amigo do Henrique, que voltava de viagem naquele dia e nos ajudou com a logística (e depois com muito mais coisas!).
Enquanto eu tinha pago para deixar as minhas malas no guarda-volumes na estação de Vitória, o Henrique levou as dele para o hotel. Então, tivemos que levar as malas dele até a estação. Eu não sei como ele fez isso sozinho quando chegou. No mapa, parecia bem perto. Com 2 malas grandes, parecia uma maratona!
Encontramos com o Júnior na hora marcada, na plataforma de embarque. A estação de Vitória parece um terminal rodoviário comum, algo encontrado em qualquer grande centro. E é bem cheio de gente, porque dali partem ônibus não só para outras partes do Reino Unido, como também para a Europa continental!
Chegamos em Ringwood no fim do dia. Ainda é verão aqui, apesar do tempo não fazer parecer, então o so se põe mais tarde. Fica claro até 20h, o que é bom pra aproveitar o dia, e péssimo pra conseguir dormir em uma hora apropriada.
O RH havia nos pedido as informações de chegada na cidade para coordenarem pessoas para nos buscar na parada do ônibus, e enviaram a E., que vai ser minha coordenadora.
Desde que os resultados saíram, montamos um grupo no Whatsapp com os voluntários, então já sabíamos quem estava na escola, e o Junior conseguiu as informações sobre em quais casas ficaríamos e trabalharíamos (por isso eu sabia que a E. seria minha coordenadora). Não necessariamente dormimos na mesma casa em que trabalhamos, o que é bom para desapegarmos do trabalho.
Chegamos e fomos para a nossa casa, a S., que é a mais antiga e mais perto da entrada. É uma casa antiga, mas é boa. O único ruim é ter que ficar subindo escadas sempre, hahaha!
Meu quarto fica do lado do do Henrique, e é enorme! Bom, é bem maior do que qualquer quarto que eu já tenha tido na vida, e até que é bem fofo. Tenho vista para as outras casas e uma claraboia. A E. passou aqui e deu um tapa nas coisas, me deixou toalhas, arrumou o quarto. Me senti muito bem recebida!
Nessa primeira noite, acompanhamos o Junior por um tour rápido da propriedade, de alguns prédios, pra entender como funciona e como se locomover. Depois voltamos porque queríamos muito desfazer nossas malas e tomar um banho!
Labels: camp hill, londres, ringwood, terminal rodoviário, the sheiling, victoria station, voluntariado
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A chegada - parte 1 (22 & 23 de agosto de 2015)
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Depois de tanto perrengue, eu merecia alguma glória. A primeira classe do voo de Madri a Londres nada mais era que a parte da frente do avião com o banco do meio das fileiras bloqueado. E copo de vidro pra beber. Mas também foi embarcar antes, descer antes e pegar as malas antes. Alguma exaltação tinha que ter.
Eu também já tinha pesquisado sobre como sair do aeroporto. Eu e o Henrique combinamos de passar o fim de semana em Londres, antes de seguir para Ringwood. Peguei o ônibus daquela lonjura de Gatwick (ah, o barato que sai caro...) até a estação de Vitória, no centro de Londres, e lá já deixei minhas malas maiores no guarda-volume antes de ir para a nossa acomodação. Enquanto aguardava meu embarque, fui conversando com o Henrique, e o check in tinha sido tranquilo. A gente escolheu o lugar mais bem localizado pelo menor preço. De novo, viver com Reais fora do Brasil dói. A Libra Esterlina faz o bolso sangrar. O nosso hotel era um prédio em cima de um pub, não tinha uma recepção e o lugar era meio precário. Podia ser pior, mas eu não daria nenhuma estrela para aquilo. O importante é que quando eu cheguei, o Henrique estava no quarto! Capotado, é verdade... Então eu saí para comprar um lanchinho, e na volta, depois de um bom banho (o banheiro era limpo o suficiente), saímos para dar uma volta.
Conhecer Londres era um dos sonhos da minha vida! Minha mãe conheceu a Europa antes de se casar, sempre falou muito dessa viagem, e eu sempre fui fã das comédias românticas do Hugh Grant, quando era adolescente eu real achava que ia chegar na cidade e esbarrar com ele na rua, hahaha!
Eu cheguei no único dia quente que eu peguei na Inglaterra esse tempo todo. Eu, de shorts, a noite, na frente do Big Ben! É uma coisa muito louca mesmo estar na Europa. A gente estuda, lê, vê filme, mas nada te prepara para o que é estar diante de monumentos que as vezes são mais antigos que a própria "descoberta" (invasão) das Américas!
O Henrique já conhecia a cidade, então ele me levou para dar uma volta perto do Parlamento, passando pela Abadia de Westminster e indo parar lá na London Eye. E por ali tem um Mc Donald's onde resolvemos comer. Levamos o lanche para as margens do rio Tâmisa, e essa foi a nossa primeira refeição na terra da Tia Beth (a rainha)!
No dia seguinte, acordei com o dia raiando por causa do jetleg. O dia continuava bonito, mas o sono me fez voltar para a cama. Pra que? Quando acordei de novo, o tempo tinha virado, e ameaçava chuva! Mas já tínhamos combinado de fazer um passeio antes de encontrar o amigo brasileiro do Henrique que ainda trabalhava no camp hill para pegarmos o ônibus para Ringwood.
É óbvio que tínhamos que ir a Notting Hill!!! Vai que o Hugh Grant tava por lá? Hihihi... Tenho que agradecer imensamente o Henrique por ter topado esse programa comigo, porque a passagem de metrô foi uma pequena facada.
Não encontramos o Hugh Grant, nem a Júlia Roberts, não levamos uma laranjada na roupa, mas pegamos chuva logo no começo do passeio. Eu levei um guarda-chuva na mala de viagem? Mas é claro que levei!!! Mas o Henrique, como boa pessoa SENSATA, não tinha esse tipo de apetrecho INUSITADO, e tivemos que procurar um guarda-chuva que não custasse um rim (em reais).
Apesar de não ser dia, tinha uma pequena feirinha em Portobello Road (a rua do filme) e coisas bem interessantes. Tudo caro, para quem tinha acabado de aterrisar na Inglaterra, com seus Reais desvalorizados. Mas ainda assi, achei tudo lindo? Achei sim! Eu estava simplesmente no cenário de um dos meus filmes favoritos na vida!!!
Não foi esse dia (ainda) que achamos a casa da porta azul, mas descobrimos que dava pra tomar um lanche honesto no supermercado (e fugir um pouco da chuva).
Labels: big ben, hotel, libra esterlina, londres, mc donald's, notting hill, portobello road, sainsbury's, tesco
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A partida (21 de agosto de 2015)
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Como eu disse, o camp hill não ajuda com os custos de locomoção. Eles só te dizem que data você tem que se apresentar. Pra não dizer que não ajudam em nada, eles vão buscar a gente no ponto de ônibus da cidade mais próxima. Mas chegar até lá é com o voluntário.
Apesar de querer partir para nunca mais voltar (o drama!) eu comprei uma passagem de 1 ano de ida e volta. Por causa das regras da aviação, não dá pra marcar a volta com mais de 300 dias de antecedência da data que você compra a passagem, então a minha volta era "fictícia": eu deveria mudar mais pra frente da viagem. Na época a passagem mais barata que encontrei foi uma da Air Europa, uma companhia espanhola. O Henrique comprou só a passagem de dia, da Ibéria. A gente não foi no mesmo voo, mas combinou de chegar na Inglaterra no mesmo dia. Passaríamos uns dias em Londres antes de ir para Ringwood.
Desde que fui demitida até ir para a Inglaterra, eu fiquei meio entre São Paulo e a roça. Nessa época minha vó ainda era viva e morava com a minha mãe. Aos poucos, eu fui trazendo de volta as coisas que eu tinha em São Paulo. É incrível a quantidade de tranqueira que a gente acumula ao longo do tempo e nem percebe! Eu me desfiz de muitos sacos de coisas antes de ir embora, e uma boa parte do meu guarda roupa. Ainda sobrou um quarto cheio de caixas guardadas! E com isso, tentei empacotar o que eu achava que precisaria em um ano longe. 2 malas bem cheias!!!
Mas o embarque dessa viagem não foi fácil. Depois de entrar no avião e ele começar a taxiar, fiamos parados na pista, de portas fechadas, sem UM GOLE D'ÁGUA por mais de 3 horas!!! Eu definitivamente não recomendo viajar com a Air Europa. Ninguém nos deu qualquer tipo de explicação. Uma hora o avião simplesmente voltou a se mover e partimos. Tudo bem que escolhi a passagem que era a mais barata, mas tem coisas que o dinheiro não paga!
Chegando em Madri, obviamente perdi a conexão. Mas não fui a única. Só que o pessoal de chão não nos ajudou em nada. Eu quase fui parar na área de embarque sem passar pela imigração, tamanha a desorganização. Também não tinha ninguém pra orientar os próximos passos: ninguém sabia o que seriam das malas, e como se encaixar no próximo voo. Fiquei ao menos umas 2 horas vagando tentando descobrir o que fazer, até que todos desistissem de esperar as malas. Cada um foi atrás da sua conexão, descobrir quanto tempo ficaríamos esperando e tentando encaixe no próximo voo. O que no meu caso foi só no final do dia. E eu cheguei lá no início da manhã!!!
Dos males o menor: consegui um voucher de alimentação e, como o voo estava cheio, ganhei um upgrade. Tudo bem que era um voo curto, mas pelo menos uma pequena vitória, certo? E isso foi tudo o que o voucher comprou. O maior choque de realidade era mesmo ter Reais na zona do Euro...
Labels: air europa, madri, voo
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Como fazer parte de um voluntariado no camp hill
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Eu falei anteriormente que eu descobri esse voluntariado através do Henrique, que ficou sabendo através de outro amigo. E também falei que tem camp hill no mundo todo. Nesse post, eu vou contar como foi a nossa experiência com o camp hill na Inglaterra.
Acho bom já falar que eu só tenho o passaporte brasileiro, mas o Henrique tem o passaporte europeu. Para a inscrição e seleção, isso não fez nenhuma diferença.
Fomos instruídos a entrar em contato diretamente com o camp hill. Como o Henrique já tinha conhecidos por lá, ele tinha o contato direto das pessoas responsáveis, mas no site deles tem toda a informação e inclusive os formulários para preencher. Além disso, depois de marcar a entrevista por video chamada, é preciso enviar cartas de recomendação. Não precisa ser só de empregadores, pode ser de amigos também. E os amigos nem precisam saber inglês fluente, você pode dar uma ajudinha na hora de redigir. Basicamente eles precisam de referências, já que esse camp hill é de crianças e jovens. Na Inglaterra eles levam a segurança e a privacidade dessas pessoas muito a sério!
Para esse camp hill, é necessário saber falar um pouco de inglês. Mas não precisa ser super fluente, é literalmente um pouco. Tem que estar disposto a prender, e prestar muita atenção. Na minha turma, uns 3/4 das pessoas eram jovens alemães, que falam inglês muito bem. Mas tirando eles, só eu falava inglês fluentemente. Mas isso não atrapalhou em nada na performance dos demais. O que a gente não entende falado, a gente acaba entendendo pelas ações.
A entrevista é bem tranquila. Eles querem pessoas dedicadas e comprometidas, e não só gente que fala bem inglês ou tenha uma vasta experiência na área.
Um voluntariado necessariamente implica em não ter uma compensação financeira pelo seu trabalho. Em troca, eles oferecem moradia, alimentação e uma ajuda de custo semanal (na minha época era de 40 libras semanais). O custo com as passagens de avião e o visto são por conta do voluntário. A carga horária é de 40 horas semanais durante o dia e mais 1 noite em que o voluntário dorme na casa dos alunos onde ele trabalha, de plantão (os voluntários moram geralmente em outras casas para não misturar o que é trabalho do que é descanso). E todas as despesas quando tem algum passeio com os alunos também são por conta do camp hill (idas a restaurantes, parques, cinema, etc). E na Inglaterra, por que eles tem um sistema de saúde público (o NHS, que é o modelo adotado pelo nosso SUS), você não precisa se preocupar com isso (na verdade, na solicitação do visto você paga 200 libras que é referente a esse acesso ao NHS).
A solicitação e a aprovação do visto foram bem tranquilas. Tem que criar um perfil no site da imigração, preencher uns formulários (o camp hill envia instruções e toda a documentação necessária), pagar as taxas e marcar um dia para levar o documento no centro de vistos e fazer a biometria. A embaixada responsável por analisar os casos fica na Colômbia, e leva algumas semanas para receber o passaporte de volta.
Nos resta sonhar enquanto passamos por todo o processo. Demorou algumas semanas para receber a aprovação da entrevista, e depois as coisas andaram tão rápido quanto eu consegui as cartas de recomendação e horário para a biometria. Quem diria que eu procurei me esconder no meio do mato na Inglaterra?
Labels: camp hill, entrevista, imigração, inglaterra, visto
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