la petite princesse

A dona do pedaço. INTJ. Viajadeira. Uspturista Mais velha do que aparento.

le passe



pour quoi

Quero deixar registrado aqui algumas das experiências mais incríveis que eu já vivi.

O tal do half term

Monday, September 6, 2021 at 10:30:00 AM

0 comments

 Eu mal voltei da viagem pra Londres e...


O camp hill é uma escola, então chegou o fim do bimestre. Mas também é residência estudantil, e os alunos ganharam 2 semanas de folga. Uma coisa meio semanado saco cheio, pra delimitar o tempo. Com isso, nós voluntários, também ganhamos 2 semanas de folga XD


Também quer dizer que 2 meses já se passaram desde que eu cheguei aqui no interior da Inglaterra. 2 meses de camp hill. Pra quem me conhece, sabe que eu não me sinto muito confortável em nenhum trabalho novo antes dos 3 meses. É sempre muita informação nova pra absorver, muita gente nova pra conhecer e sempre aquela insegurança de “eu tô fazendo certo?”


Ainda sinto o stress de trabalhar com tanta gente nova, na supervisão de tantos chefes (são 4 shift leaders a quem eu tenho que responder durante meus turnos), com tantos alunos, mas, apesar do trabalho ser totalmente diferente de tudo aquilo que eu já fiz na vida, o trabalho é o que menos me preocupa. Não que eu não ligue para o que eu faça, mas a relação com o trabalho é outra. Então vou contar com um pouco mais de detalhes o que é que faço aqui.


Basicamente, a vida é separada entre o trabalho em casa e o trabalho na escola. Durante a semana, temos 8 alunos morando na casa, e mais utros 8 que só passam o dia (tecnicamente eles só fazem a refeição na nossa casa).


O trabalho em casa é cuidar das necessidades mais básicas dos alunos. É dar suporte desde ajudar a fazer as refeições da melhor maneira (para alguns é usar os talheres direito, para outros é conseguir ficar a refeição toda na sala, comer todos os tipos de alimentos, etc), ajudar nas tarefas da casa (tirar a mesa, limpar a sala de jantar, lavar pratos, enxugar pratos, colocar a mesa, etc), achar entretenimento nas horas livres (caminhar, pular no trampolim, saídas da escola, ouvir música), até as coisas mais “pesadas” como usar o banheiro e tomar banho.


O trabalho da casa é o que estou mais acostumada devido ao meu horário que geralmente é da tarde pra noite e no fim de semana. O primeiro banho a gente nunca esquece, mas já me acostumei a isso, mesmo todos os residentes serem meninos. Aprendi que é mais fácil fazer na banheira, no chuveiro faz mais bagunça, mas é passável. Nenhum tentou me afogar nem nada parecido e no geral todos se comportam e deixam a gente ajuda-los. Ninguém ainda fez necessidades na banheira!!! Alguns precisam de toda ajuda para se vestir, mas eles também se comportam nessa hora. E nem ligam se você escolher as coisas pra eles. Os que se importam conseguem se virar sozinhos. Limpar cocô eu fiz 1 vez com ajuda, não foi a melhor coisa que já fiz na vida, mas não morri e se tiver que fazer de novo, tudo bem. O resto então é fichinha. As vezes a gente dá uns deslizes na hora das refeições, os alunos “passam a perna” nos nossos momentos mais desatentos, mas a gente tenta sempre fazê-los se coportarem da melhor maneira a mesa. As saídas até agora foram bem sucedidas. A maioria é para dar uma caminhda na praia, as vezes com direito a 1 drink ou um lanche no final, e eles sempre se comportam. De sábado geralmente levamos 1 ou 2 alunos para fazer feira e tem sido só sucesso também, pelo menos para eles entrarem em contato com aquilo que vai na mesa (temos cozinheira durante a semana) e também sairem um pouco de casa.


No trabalho na escola a gente dá mais suporte pedagógico. Na verdade, fazemos as atividades com eles. Já saimos pelo campus atrás de folhas e gravetos para fazer uma obra de arte naturalista, já fomos bater uma bola depois de armar um gol, mas também ficamos em classe pintando cartolina para fazer algum artesanato, tipo construir chocalhos ou caçadores de sonho. Nas aulas mais básicas, ajudei a colocar ordem numérica (temos que perguntar pro aluno a ordem dos números) e na mais avançada levamos os aunos para fazer uma pesquisa de preços de uma lista pequena de compras para a sala de aula. E todos tem alguma terapia durante a semana, as dos dias que eu fico em aula sempre são de música (a gente vai pra um salão mais calmo, com música, e faz umas coreografias enquanto a professora guia com algumas palavras sobre espiritualização).


Eu acho mais difícil ficar na escola porque nem sempre eu sei como ajudar, fico meio perdida, as vezes eu me sinto meio incapaz. As atividades são simples, mas ficaram muito distantes na minha memória. Fora o medo de errar e ensinar algo de uma forma que não condiz com a missão da escola.


Mas depois de 1 mês e meio com os alunos, já deu pra pegar alguns macetes até sobre os alunos que só passam o dia. Os que são mais agressivos são alguns residentes, mas nada super amedontrador. É que ninguém curte levar um tapa por nada, né? E eles não tem noção de força, as vezes eles não querem machucar, mas não sabem dosar o comportamento. E mesmo com esses agressivos, eu não me importo de trabalhar. O J. tem “fama” de agressivo, mas é um dos que mis gosto. Ele passa boa parte do tempo cantando (errado – a mesma música!) ou fazendo algum som e é muito engraçado! Ele ama o trampolim e pode passar 1 hora lá fácil. Também gosta de ver videos no tablet e as vezes pede pra gente procurar imagens na internet. E tem bom gosto musical! Verdade que as vezes alterna de Fun Song Factory a Oasis, mas tá valendo =P O M. não vocaiza e passa um tempão assobiando sentado, mas é bom que com ele não tem conversa, literalmente, HAHA! É que tem o SM. também, que não cala a boca,ntão é um bom contra ponto =P Dos que passam o dia, não posso negar minha preferência pelo C., um dos gemeos. O irmão está na outra casa e vai pra outra sala, mas os 2 são os mais fofos! Eles gostam de ritmo (amam a terapia de música!) e de massinha. O da outra casa é um pouco mais independente, ele pede pra ir no banheiro, pede tempo de descanso, essas coisas, já o C. tem que ser lembrado do banheiro (mas está melhorando) e é um pouco mais tímido.


Trabalhar com gente que tem tanta limitação te da outra perspectiva sobre a vida no geral. No começo parece meio frustrante pois não temos a mesma resposta que estamos acostumados com outras pessoas “normais”, mas aprendemos que cada um reage a sua maneira e não quer dizer que é melhor ou pior. A primeira vez que cada um dos gemeos sorriu pra mim foi lindo, até hoje adoro quando consigo fazê-los sorrirem pois aprendi que é um sinal de aprovação, de que está dando certo! Ou então quando o S. (que tem down e autismo) responde aos seus comandos ou se diverte na sua companhia. Ou quando o J. pede um abraço (ele me deu 2 abraços de supresa que quase me mataram do coração, ai disse que ele tem que pedir e mais tarde ele fez o que ensinei na frente de outra pessoa, foi tão legal!). Ou quando o SM. chega e fala com a voz mansinha “I missed you!”


Não vou mentir e dizer que preferia estar trabalhando, ócio é meu estilo de vida, essas 2 semaninhas são providenciais, mas eu já acho que no fim, vai dar aquela saudadinha gostosa até dos perrengues que vão surgir no meio do caminho.


Enquanto isso, bora curtir a folga prolongada!

Labels: , , , ,

that would be me. bye!