la petite princesse

A dona do pedaço. INTJ. Viajadeira. Uspturista Mais velha do que aparento.

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Quero deixar registrado aqui algumas das experiências mais incríveis que eu já vivi.

Finalmente, fui pra aula!

Monday, July 26, 2021 at 10:30:00 AM

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Cada turma tem uma sala diferente, com aulas diferentes, pensadas para o desenvolvimento e necessidades específicas do grupo. Cada sala é uma sala, e a gente que dá suporte que tem que se adaptar. Mas com o tempo a gente vai entendendo como as coisas funcionam, e até acha uns macetes pra se infiltrar em aulas diferentes!
Minha curiosidade sobre as aulas se deu pelo fato de que ficando dentro de casa eu não sentia que estava desenvolvendo nada. Pelo menos não de uma maneira linear, focada e tangível. E também porque eu queria ver o que tanto tinha nessas aulas! Eu nunca tive contato com gente com necessidades especiais – exceto uma colega de classe no pré, que tinha down, mas como criança, pra mim não fazia diferença na época – e eu não sabia exatamente o que teria nessas aulas.

Na quinta em que a reunião da casa foi da outra casa (não na minha) eu finalmente ia ter oportunidade de descobrir, já que ia ter que ir pra sala acompanhar os alunos da outra casa (já que o staff estaria em reunião, claro).

Fui pro grupo cinza, do menino com down e autismo, e ele já estava lá. Na verdade, ele nem saiu da sala para o almoço, haha!

A aula funciona assim: a gente leva os alunos para as salas, mas não necessariamente fica naquela sala. E quando fica, não necessariamente fica com alunos da nossa casa. É a professora que determina quem ajuda quem.

No começo dessa aula, ia ficar com uma menina autista muito da esperta. Mas ela não estava num dia bom, então me colocaram com outra menina, que também tem autismo e um sério problema na coluna (ela parece curvada para trás quando senta, sem nenhuma flexibilidade).

No começo da aula, os alunos não fazem muita coisa, então a menina ficou brincando com uma areia colorida, feita para escola. Ela parecia muito feliz, mas não deu a menor bola pra mim.

Na hora da atividade, a professora acabou me trocando de novo e fui ficar com o menino da minha casa. A atividade era ordenar atividades numeradas. No fim, era colocar ordem nos números, o que tinha escrito na tira acabou irrelevante. Meu papel foi basicamente perguntar o que vinha primeiro: 1 ou 2? 3 ou 4? E assim por diante.

A maioria das atividades são bem básicas, e quem lembra da pré escola deve lembrar dessas atividades manuais e simples. Elas desenvolvem coordenação motora, consciência de ordem cronológica, continuidade, etc. São a base do que a gente usa pra entender a vida no geral. A gente desenvolve essas capacidades cedo na vida para poder prosseguir com o resto da nossa educação. Agora imagine que a cabeça desses alunos não funcione como a nossa. O aprendizado é lento, mas tem que ser consistente e constante.

Depois ainda tivemos que colar o resultado, ainda que irregular, num sulfite. E nessa hora veio a dúvida: no fim, pra quem é essa atividade? Parece que fazemos tanto e alguns alunos não estão nem de mente presente no recinto… Eu ainda tentei fazer o aluno passar a cola de bastão no papel pra colar, mas ele não estava muito interessado nisso.

Depois, mostrei um livro de bichinhos para ele, e ele escolheu ver vídeos no iPad antes de voltar pra casa. O que não significa que ele voltou pra casa no horário, haha! Umas 5 pessoas diferentes tentaram, mas até o horário que eu fui embora (umas 17h), ninguém conseguiu movê-lo!

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that would be me. bye!

A ansiedade para conhecer as aulas

Monday, July 19, 2021 at 10:30:00 AM

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Meus horários no camp hill eram bem estranhos, quando para pensar nisso. Mas eu entendo que eles usem os voluntários para cobrir os momentos com staff mais escasso, que é o fim de semana. Com isso, porém, demorou para eu pegar um dia "normal" dos alunos. Eu estava curiosa para ver como eram as aulas deles. Então quando a priemira segunda-feira de aulas chegou, eu estava bem animada!
É uma sensação incrível esperar pra segunda chegar. Achava isso impossível com um trabalho, mas esse dia chegou! Eu finalmente levaria um aluno pra aula e veria como é essa coisa de “college” para alunos com necessidades especiais.

Como contei, eu almoço com os suprimentos da casa onde eu trabalho, e eu prefiro usar a cozinha de lá, que é bem maior e mais moderna, porém tem o pequeno empecilho de que obviamente, toda cozinha aqui no camp hill é usada para os alunos nas refeições. Mas eu dou um jeito, chego no final da refeição e, ou como o que eles estão comendo, ou faço alguma outra coisa rápida pra mim (já que geralmente trabalho a tarde e a noite).

Na minha primeira segunda de aula, me colocaram pra trabalhar com um menino que dorme só durante a semana na casa e tem síndrome de down, autismo e epilepsia (é, e tem gente que ainda acha que tem muito problema na vida…), mais pra “treinar” com a outra menina que geralmente fica com ele do que pra eu mesma fazer alguma coisa.

Deu o horário, todo mundo saiu e… O menino empacou! Não levantava do sofá por nada! Sério, é difícil, a rotina é sempre a mesma, mas sei lá, cada cabeça é uma sentença mesmo. Nesse dia ele simplesmente resolveu que não ia levantar do sofá e não levantou! Tentamos de tudo, mas nada adiantou. Música, atividade, comida… Ele não se animou com nada! E pior que ficar sem fazer nada cansa, né, o tempo não passava!!

Os outros alunos voltaram, tomaram lanche da tarde, fizeram o maior barulho… E nada moveu o menino do lugar. A outra staff foi embora, e nada. Ai veio o jantar… E nada! QUATRO HORAS sem levantar nem pra ir no banheiro! E o desespero que bate nessas horas?

Ai resolvi pular a agenda do dia e perguntar se ele queria um banho, sei lá, né… E não é que foi o que fez ele levantar do sofá??? Parecia palavra mágica! Ele subiu, entrou no banho, deixou eu dar banho nele, lavar o cabelo… Vai entender!

Depois o Junior ainda conseguiu fazer ele comer, pra poder dar os remédios, que são bem fortes, e apesar do menino não ter levantado a bunda da cadeira o dia todo… Dormiu como um anjo!!!

Mas não foi dessa vez ainda que eu fui conhecer o college =( 

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that would be me. bye!

Reflexões após 1 mês de camp hill (23 de setembro de 2015)

Monday, July 12, 2021 at 10:30:00 AM

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O tempo passa muito rápido quando você está aprendendo algo novo. Um mês se foi sem a gente perceber! Mas foi um mês muito bom, fazendo a diferença na vida de alguém, e aprendendo muita coisa útil pra vida. Não tenho do que reclamar dessa experiência, do voluntariado.
E já faz 1 mês que tô morando aqui em Ringwood.

Sempre morei em cidades relativamente grandes no Brasil, mas toda vez que fui morar fora, acabei em cidades pequenas (na época da Disney, apesar de Orlando não ser uma cidade pequena, eu viva no microcosmo cast memberístico) e hoje vejo que isso é uma das melhores coisas que me aconteceu, ao menos financeiramente, HAHA!

De verdade, viver numa cidade pequena te faz conhecer melhor a cultura local, te faz aproveitar mais as experiências e te faz gastar menos, claro!

Eu recomendo morar em uma cidade pequena se for por um período determinado, se a proposta for algo específico, alienado da cidade em si. Por exemplo, quando fui fazer as matérias da faculdade no Canadá, o intuito era estudar e morar no campus, não fazia diferença morar numa cidade grande. Aqui a proposta é o trabalho, conhecer uma nova cultura, viver ~de boas~, não ficar zanzando de um lado para o outro.

Até agora a experiência no geral tem sido bastante positiva. Tenho muito a aprender, mas já sinto que levo uma vida bem mais light do que levava no Brasil. A relação com o trabalho com certeza é outra, muito mais saudável!

Minha única crítica, e acho que vai ser a coisa que eu mais vou reclamar, é sobre a higiene. Sorry, mas os europeus são meio porcos e não há nada que me faça entender porque eles não seguem normas mais rígidas. Não tô falando que tem que ter faxineira nem nada, mas nossa, toda vez que vejo um europeu lavando louça eu quero morrer (o que tem me feito lavar muita louça porque não confio na limpeza daqui). Nem vou falar sobre banho, né? Ao menos os alunos tem sempre que tomar banho, todo dia. Mas quem trabalha aqui… Acho que um exagero pra mais em higiene não faz mal, então vou continuar nesse exagero, não quero voltar pro Brasil e as pessoas ficarem com nojo de mim, haha!

Até a comida tem superado expectativas. Tem sempre salada ou legumes cozidos, podia ter mais carne, de todos os tipos, mas vou relevar porque não é tão barato, e o gosto não é ruim, só podia ter mais sal, mas não vou reclamar muito porque sódio de mais é prejudicial de qualquer forma e tem chá em todo lugar sempre, o que pra mim já é melhor do que conseguir achar suco de laranja que seja gostoso, haha!

Ao mesmo tempo que parece que estamos aqui há tanto tempo, que já vivemos tantas coisas, nem parece que já faz 1 mês que chegamos ao camp hill. Daqui a pouco faço mais um aniversário, mais um natal vai passar, outro ano vai acabar e logo estarei de volta ao Brasil… Ou não!

 

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that would be me. bye!

Trabalho de verdade

Monday, July 5, 2021 at 10:30:00 AM

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Todo mundo me pergunta como é o trabalho aqui. Já estou na terceira semana, já faz 1 mês todo que cheguei aqui na Inglaterra, já estou mais habituada. Vou tentar descrever como são os dias, embora eles possam ser imprevisíveis as vezes.

Eu parei no fim do treinamento no último post de propósito, hehe. Foi depois disso que meu trabalho começou de verdade.

Cheguei um pouco antes do final das aulas (na sexta). Sexta é o dia que 3 dos nossos alunos vão embora para passar o fim de semana com suas famílias. Eu sei que algumas famílias moram longe, mas eu não consigo imaginar um família brasileira deixando seu filho em uma instituição por 6 semanas sem nem ao menos vir vê-lo de vez em quando. Ainda mais que a Inglaterra é tão pequena! Mas enfim, diferentes culturas, né?

Os pais daquele menino que recepcionei na segunda vieram buscá-lo e achei bem fofinho. O menino não tem essa ideia de carinho que temos, mas você percebe a sutilidade da diferença de humor quando passa mais tempo. Ele estava animado de ver a família, mas também parecia bem feliz com sua primeira semana na escola.

Depois de passado o pequeno caos de ter tanta gente de volta ao mesmo tempo, cada co-worker ficou com um aluno. Me deixaram com esse menino que tem Fragile X, um tipo de síndrome que compromete o aprendizado e o convívio social. Ele repete a mesma coisa muitas vezes e tem alguns comportamentos obsessivos, como pedir para soletrar várias coisas, uma atrás da outra. Esse aluno também tem pouco tônus muscular e coordenação motora comprometida. Mas consegue se virar bem, se alguém der ordens e mantê-lo focado na tarefa.

Para o primeiro dia, que eu nunca tinha trabalhado com ele, fomos bem. É meio desgastante, especialmente para uma pessoa como eu, que gosta de momentos de quietude, porque o menino não cala a boca, hahaha! Mas ele me mostrou a casa (algumas muitas vezes), me mostrou sua coleção de fotos (muitos alunos tem fotos da família e amigos nos quartos que eles gostam muito de olhar e falar sobre) e conversou sobre as pessoas do seu dia a dia. Acho que a novidade (eu) foi boa para ele.

O jantar foi bom, apesar da coordenação motora limitada, ele consegue se alimentar sozinho. As tarefas depois do jantar eu que fiz, mas já aprendi que posso deixar os alunos fazerem, sem dó, dando instruções e ficando de olho. As vezes parece meio "abuso", mas se não deixarmos eles fazerem sozinhos, eles nunca vão aprender!

A hora do banho foi mais fácil, foi praticamente só colocar o aluno dentro da banheira. Particularmente eu tenho nojo de banho de banheira porque a água fica ali parada, você lava a sujeira e ela volta porque a água continua no mesmo lugar, HAHA! Mas já é melhor do que não tomar banho. A maioria desses alunos não entendem a necessidade do banho, não entendem consequências sociais, etc. Mas eles sabem se lavar ou então não reclamam de que alguém lhes dê um banho.

A hora de ir para a cama também não foi traumática. É só dar boa noite e deixar o aluno no escuro na sua cama. Dificilmente eles levantam depois, mesmo que leve um tempo para caírem no sono.

Meus sábados são meus dias mais longos. Chego na hora do café da manhã e só vou embora depois que todos estão na cama. Mas os fins de semana são os mais dinâmicos, com atividades fora do campus.

Nesse meu primeiro sábado fomos no mercado de frutas e verduras, fazer a compra da semana. Durante a semana, são pelo menos 30 pessoas no almoço e umas 20 no jantar. Sempre tem salada e 1 dia de comida vegetariana.

Nesse dia eu percebi que eu não manjo nada de comida na Inglaterra, haha! Tinha vários itens da lista que eu nem sabia o que era. Falei pro moço da banca que não era daqui e tinha coisas que eu não sabia a cara, haha! Ele foi bonzinho e ajudou. E nossa, a compra foi bem grandinha!

A tarde fomos no super mercado comprar outras coisas, mas só com 1 aluno dessa vez, porque era um ambiente mais estressante (muita gente no mesmo lugar), mas correu tudo bem. E a compra também foi gigante!

As noites são parecidas, mesmo nos fins de semana. É jantar, ajudar na arrumação, banho e dormir. As vezes o jantar sai mais tarde, mas não muda o esquema. De fim de semana ficam 2 alunos que precisam de ajuda para o banho só e 1 deles é tranquilo para dar banho (o outro eu nunca fiquei sozinha, mas tenho medo dele me bater porque ele é bem ansioso… e grande!).

No domingo eu trabalho só a tarde, depois do almoço. Sei que de manhã eles tem uma missa, but that’s about it. Nessa primeira semana ficamos só pelo campus, demos uma boa volta, para dar as alunos o que fazer mesmo. Tudo conta como atividade, até uma volta em volta da casa, haha! Domingo também é o dia que eu trabalho no mesmo turno do Júnior, e a gente se diverte!

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